segunda-feira, 22 de outubro de 2007

ANARQUIA ESPIRITUAL - RG

Sorriso maroto. Ricardo Gondim

Sabe? Nesses tempos meio desesperançados, meio doidos e doídos, preciso fazer uma confissão pública: tenho inveja de quem não tem seguidor, não defende uma reputação, não segue qualquer escola de pensamento, não se filiou a um partido político, não precisa vestir paletó (fato, irmãos portugueses), não guarda dinheiro na poupança, não tem eira nem beira.

Puxa, como deve ser gostoso sentar e escrever o que quiser sem precisar explicar que continua coerente com o que redigiu há seis anos. Quando crescer ainda vou ser um anarquista! E quando morrer quero que o meu céu seja bem bagunçado, cheio de gente conversando, lotado de mesas desarrumadas e sem etiqueta social. Quero ser recebido por um anjo com a camisa para fora das calças e de chinelo. (Lá, vou palitar meus dentes sem cobrir a boca).

(...) Ainda hei de voltar a dormir com meu sorriso maroto da adolescência - chega de cenhos franzidos. Sinto que a vida tem que ser levada mais na esportiva, na "maciota" como dizem os boêmios, e é assim que almejo encarar meus últimos dias: sem a sofreguidão dos austeros ambientes farisáicos.

Ah, como tenho ciúmes de quem se rodeia de amigos que sabem fazer batucada na mesa, transformando cada refeição numa gostosa farra enquanto se abraçam publicamente.

Quero aprender a usar a vida como argamassa para minha pobre poesia. E se alguém rotular-me de maluco, responder com uma gostosa risada; se avisar que perdi o senso, aplaudir; se advertir que caminho para a perdição eterna, agradecer com um beijo na testa.

Sem lenço, sem documento, sem peso nos ombros e sem culpas persecutórias, vou assumir minha Ricardice - dizem que isso previne vários tipos de câncer.
Soli Deo Gloria.

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